Por Josias de Souza
O bebê Gabriel –3,955 kg, 50 cm— tornou-se personagem involuntário da eleição presidencial de 2010. A criança nasceu de parto online. Do ventre de Paula, a mãe, fez uma escala fotográfica no colo de Dilma, a avó, e foi mandado ao cristal líquido.
A água do primeiro banho de Gabriel como que respingou no mouse dos internautas que acorreram à página da campanha, ao sítio do PT e ao twitter da candidata. Em movimento estudado, o petismo programou-se para extrair do nascimento do primeiro neto da “mãe do povo” o máximo proveito eleitoral.
A operação fora deflagrada pelo patrono, na noite da véspera. Num comício realizado em Betim (MG), Lula ‘Cabo Eleitoral’ da Silva tratara a pupila como eleita. Dissera que, no exercício da Presidência, a avó iminente não iria apenas “governar”. Mais do que isso, ela iria "cuidar do povo”.
No dizer de Lula, “a futura presidenta” dedicaria aos brasileiros seu “carinho”. Ela os trataria “com o mesmo cuidado que tem pela filha e que terá pelo neto”. Do palanque noturno de Betim, Dilma foi direito para o jatinho que a levou a Porto Alegre. Às 5h20, a candidata a avó aterrissou no Hospital Moinhos de Vento.
Às 6h41, veio à luz Gabriel. O marketing da campanha cogitara expô-lo na propaganda eleitoral televisiva. Dilma hesitou. Consultados, a filha Paula e seu marido, Rafael Covolo, torceram o nariz. Optou-se pela fórmula intermediária: a divulgação via internet.
Despachado para a capital gaúcha, o fotógrafo da campanha, Roberto Stuckert, produziu, com “exclusividade”, a imagem que correu pelos cabos de fibra ótica. Discute-se agora a hipótese de, por assim dizer, desestatizar Gabriel, tornando-o acessível às redes privadas de televisão.
Parte do comitê defende a ideia de franquear às emissoras a cena da avó deixando o hospital com o neto nos braços. Coisa prevista para a manhã deste sábado (11). Argumenta-se que, levada ao ar no ‘Jornal Nacional’, a imagem acomodará sobre o penteado da candidata um halo de serenidade que vai humanizá-la.
A coisa se desenrola sobre um pano de fundo envenenado pelo caso da violação do sigilo fiscal dos tucanos. José Serra esforça-se para grudar em Dilma a pecha de responsável pela violação dos dados da filha Verônica e do marido dela, Alexandre Bourgeois.
Um casal que luta para criar os três filhos, Serra não se cansa de enfatizar, levando à roda, também ele, a figura dos netos. Na gincana do avô antagonista contra a neoavó petista, os operadores da campanha oficial imaginam que a ternura tende a prevalecer sobre a raiva.
Lula ‘Escudo’ da Silva já havia cuidado de se posicionar. Injetara-se, de permeio, entre o discurso da “turma do contra”, movida a “desespero”, e a pupila “caluniada”. Sem saber, o bebê Gabriel completará o serviço. É como se, nas entrelinhas de sua estratégia, o petismo dirigisse ao eleitorado uma interrogação:
“Você acha que essa avó prestimosa, a quem Lula legou o seu povo, seria capaz de encomendar a violação do sigilo fiscal de alguém?”
Em meio às trombetas virtuais que anunciaram a chegada de Gabriel, o comitê abriu uma janela para que o eleitor dirigisse à avó uma mensagem. Quem atendeu ao convite deu de cara com o novo dístico da campanha: “Parabéns à nova vovó”. Na sequência, Dilma penduraria no twitter uma reação: “Obrigada pelas congratulações pelo nascimento do Gabriel! É um dia de muita alegria. Ser avó é uma dádiva e estou curtindo esse momento”.
Operou-se o último ciclo da metamorfose. De técnica mandona, Dilma fora convertida em “mãe do PAC”. Depois, Lula a transformara em “mãe do povo”. Agora, a candidata virou avó!
O novo discurso de Serra, centrado na criminalização da rival, terá ainda mais dificuldades para emplacar. Até ontem, Serra atacava a candidata do PT. Hoje, alvejará a avó de Gabriel, o mais novo personagem da sucessão presidencial.
Roberto Stuckert/Divulgação |
A água do primeiro banho de Gabriel como que respingou no mouse dos internautas que acorreram à página da campanha, ao sítio do PT e ao twitter da candidata. Em movimento estudado, o petismo programou-se para extrair do nascimento do primeiro neto da “mãe do povo” o máximo proveito eleitoral.
A operação fora deflagrada pelo patrono, na noite da véspera. Num comício realizado em Betim (MG), Lula ‘Cabo Eleitoral’ da Silva tratara a pupila como eleita. Dissera que, no exercício da Presidência, a avó iminente não iria apenas “governar”. Mais do que isso, ela iria "cuidar do povo”.
No dizer de Lula, “a futura presidenta” dedicaria aos brasileiros seu “carinho”. Ela os trataria “com o mesmo cuidado que tem pela filha e que terá pelo neto”. Do palanque noturno de Betim, Dilma foi direito para o jatinho que a levou a Porto Alegre. Às 5h20, a candidata a avó aterrissou no Hospital Moinhos de Vento.
Às 6h41, veio à luz Gabriel. O marketing da campanha cogitara expô-lo na propaganda eleitoral televisiva. Dilma hesitou. Consultados, a filha Paula e seu marido, Rafael Covolo, torceram o nariz. Optou-se pela fórmula intermediária: a divulgação via internet.
Despachado para a capital gaúcha, o fotógrafo da campanha, Roberto Stuckert, produziu, com “exclusividade”, a imagem que correu pelos cabos de fibra ótica. Discute-se agora a hipótese de, por assim dizer, desestatizar Gabriel, tornando-o acessível às redes privadas de televisão.
Parte do comitê defende a ideia de franquear às emissoras a cena da avó deixando o hospital com o neto nos braços. Coisa prevista para a manhã deste sábado (11). Argumenta-se que, levada ao ar no ‘Jornal Nacional’, a imagem acomodará sobre o penteado da candidata um halo de serenidade que vai humanizá-la.
A coisa se desenrola sobre um pano de fundo envenenado pelo caso da violação do sigilo fiscal dos tucanos. José Serra esforça-se para grudar em Dilma a pecha de responsável pela violação dos dados da filha Verônica e do marido dela, Alexandre Bourgeois.
Um casal que luta para criar os três filhos, Serra não se cansa de enfatizar, levando à roda, também ele, a figura dos netos. Na gincana do avô antagonista contra a neoavó petista, os operadores da campanha oficial imaginam que a ternura tende a prevalecer sobre a raiva.
Lula ‘Escudo’ da Silva já havia cuidado de se posicionar. Injetara-se, de permeio, entre o discurso da “turma do contra”, movida a “desespero”, e a pupila “caluniada”. Sem saber, o bebê Gabriel completará o serviço. É como se, nas entrelinhas de sua estratégia, o petismo dirigisse ao eleitorado uma interrogação:
“Você acha que essa avó prestimosa, a quem Lula legou o seu povo, seria capaz de encomendar a violação do sigilo fiscal de alguém?”
Em meio às trombetas virtuais que anunciaram a chegada de Gabriel, o comitê abriu uma janela para que o eleitor dirigisse à avó uma mensagem. Quem atendeu ao convite deu de cara com o novo dístico da campanha: “Parabéns à nova vovó”. Na sequência, Dilma penduraria no twitter uma reação: “Obrigada pelas congratulações pelo nascimento do Gabriel! É um dia de muita alegria. Ser avó é uma dádiva e estou curtindo esse momento”.
Operou-se o último ciclo da metamorfose. De técnica mandona, Dilma fora convertida em “mãe do PAC”. Depois, Lula a transformara em “mãe do povo”. Agora, a candidata virou avó!
O novo discurso de Serra, centrado na criminalização da rival, terá ainda mais dificuldades para emplacar. Até ontem, Serra atacava a candidata do PT. Hoje, alvejará a avó de Gabriel, o mais novo personagem da sucessão presidencial.
Comentários
Assim, Paula engravidaria, e o neto nasceria justamente no período eleitoral.
Tudo coisa meticulosamente calculada por esses PTrahas!
Parbéns!
Marcos Antonio
marcosantonioss@hotmail.com