Coleta seletiva é ponto pacífico para a melhoria da qualidade de vida. Como acelerar o processo na capital sergipana?
Que destino você costuma dar às garrafas de refrigerante, folhas de caderno e latinhas de cerveja que utiliza? Descarta-os - como a maior parte da população, que não encontra nesse material alguma outra serventia aparente – ou reaproveita esses resíduos, utilizando-os para outros fins? Em Aracaju, são produzidos, em média, 11 mil toneladas de lixo por mês. Desse montante, 99,5% são levados para aterros sanitários e lixões, sem passar por tratamento ou reciclagem. Contudo, através da coleta seletiva, o lixo pode ser reaproveitado, reduzindo a poluição e o acúmulo de detritos na natureza.
“A coleta seletiva de lixo é uma tecnologia gerencial prática. Com ela, o lixo deixa de ser um agente de degradação do meio ambiente”, explica o professor de Ecologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Antonio Carlos Carvalho Barreto. Segundo ele, a principal aliada dessa tecnologia é a conscientização da sociedade, pois é a partir daí que a população vai entender que há uma alternativa ecologicamente correta, capaz de reaproveitar os resíduos sólidos normalmente atirados em aterros sanitários ou lixões.
E como funciona a coleta seletiva? É simples! Basta tão somente que as pessoas realizem a separação doméstica do lixo em dois grupos distintos: recicláveis (papel, plástico, vidro e metal) e não recicláveis (restos de comida, cascas de frutas e legumes, guardanapos e papel higiênico). Feito isso, é só aguardar que o caminhão da Coleta Seletiva passe pelo bairro e recolha o material.
Em Aracaju, 20 bairros participam da coleta seletiva. José Reinaldo Souza, da Coordenadoria de Aterro, Balanço e Remoção de Entulho da Empresa Municipal de Serviços Urbanos de Aracaju (Emsurb), diz que para um bairro ser incluído no percurso do caminhão que realiza esse serviço diferenciado, a comunidade precisa demonstrar interesse. “O grau de participação da população é o pré-requisito, para que o bairro seja incluído na coleta”, destaca Souza.
Mas para que isso aconteça a população precisa estar consciente da sua função e disposta a colaborar. E isso precisa começar já entre as crianças. “É mais fácil se trabalhar com as crianças por que elas acabam levando aquilo que aprendem para dentro de casa e com isso os pais acabam se conscientizando”, declara o coordenador da Emsurb.
E esse trabalho de esclarecimento entre meninos e meninas já está ocorrendo na capital sergipana, através da Casa de Papel. O projeto, iniciado em 2002, deu origem à Sociedade Ecoar, uma organização social de interesse público (Osip), localizada na sede da Torre Empreendimentos. Lá, cinco artesãos realizam oficinas de conscientização junto a escolas e empresas. Além disso, os profissionais trabalham na Casa produzindo bolsas, vasos, brindes e materiais de decoração com jornal e papel reciclado, que são expostos e vendidos.
A coordenadora administrativa da Sociedade Ecoar, Priscila Matos, afirma que percebe “o grande interesse das crianças que participam das oficinas, em querer transmitir o que aprenderam para outros”. Ela salienta ainda que é por causa disso que o projeto tem trabalhado maciçamente junto a escolas.
Coleta seletiva em Aracaju
Na capital sergipana, a coleta seletiva foi implantada em 2001, com a criação da Cooperativa dos Agentes Autônomos de Sergipe (Care). A entidade reúne catadores de papel, papelão e materiais reaproveitáveis. Situada no bairro Santa Maria, a Care foi criada a partir de uma mobilização da comunidade, estimulada pelo Ministério Publico Estadual de Sergipe (MPE-SE), preocupado com o destino final do lixo e com a as condições de vida de 42 famílias que residiam em barracos montados no lixão do bairro.
Tudo teve início com o projeto “Lixo e Cidadania”, que visava retirar as crianças que trabalhavam no lixão, através do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) e colocá-las na escola. O projeto, que é uma parceria do Fundo das Nações Unidas Para a Infância (Unicef) com o Governo Federal, encaminhou 200 crianças para instituições de ensino e as famílias desses meninos e meninas passaram a receber uma bolsa por cada filho matriculado.
Contudo, mesmo após o início do projeto, as crianças continuavam trabalhando no lixão para ajudar na renda familiar. Em decorrência disso, por estarem cansadas, dormiam durante as aulas. Ao perceber que isso estava ocorrendo, o MPE entrou em contato com a Care que explicou a realidade das famílias.
A partir daí, o MPE conseguiu junto ao Governo do Estado 42 casas para as famílias que residiam no lixão. Além disso, ganhou corpo a discussão em torno da criação da cooperativa e através de doações, eles conseguiram construir a sede da instituição e passaram a contar com o apoio de outras entidades, a exemplo da Emsurb, que doou dois caminhões para a realização da coleta seletiva do material reciclável nos bairros associados.
O primeiro bairro a participar da coleta foi o Inácio Barbosa, considerado modelo para a cidade e onde foi desenvolvido o projeto piloto. Para o presidente da Associação de Moradores do bairro, Osmário Fernandes “a coleta seletiva é importante por que conscientiza os moradores sobre a questão ambiental e a não poluição do ambiente e também porque ajuda a Care”.
Vida de catador
Manoel Messias, 23, reside em um barraco no bairro Santa Maria, junto à esposa e dois filhos. Diariamente ele acorda bem cedo e sai para catar lixo nas ruas de Aracaju, onde recolhe garrafas pet, latinhas e ferro-velho. “Trabalho das cinco da manhã até às 10h da noite para conseguir sustentar minha família”, descreve o catador que ganha, em média, R$10 por dia com o material arrecadado. “O material custa muito pouco”, explica ele, ao informar que 1 kg de plástico custa R$0,40, enquanto o de ferro não chega à metade desse valor. “Tenho sorte quando consigo alumínio, porque o quilo sai a R$ 3”.
Durante o trabalho, Manoel tem que abrir os sacos de lixo e retirar de lá aquilo que pode ser reaproveitado. “Muitas pessoas pensam que sou ladrão e me tratam mal, outras já me conhecem e separam o material pra mim”, informa o catador que diz se sentir mal quando as pessoas o destratam. “Eu me sinto humilhado e acabo desanimando, mas tenho que trabalhar para alimentar minhas filhas”, conclui.
“A coleta seletiva de lixo é uma tecnologia gerencial prática. Com ela, o lixo deixa de ser um agente de degradação do meio ambiente”, explica o professor de Ecologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Antonio Carlos Carvalho Barreto. Segundo ele, a principal aliada dessa tecnologia é a conscientização da sociedade, pois é a partir daí que a população vai entender que há uma alternativa ecologicamente correta, capaz de reaproveitar os resíduos sólidos normalmente atirados em aterros sanitários ou lixões.
E como funciona a coleta seletiva? É simples! Basta tão somente que as pessoas realizem a separação doméstica do lixo em dois grupos distintos: recicláveis (papel, plástico, vidro e metal) e não recicláveis (restos de comida, cascas de frutas e legumes, guardanapos e papel higiênico). Feito isso, é só aguardar que o caminhão da Coleta Seletiva passe pelo bairro e recolha o material.
Em Aracaju, 20 bairros participam da coleta seletiva. José Reinaldo Souza, da Coordenadoria de Aterro, Balanço e Remoção de Entulho da Empresa Municipal de Serviços Urbanos de Aracaju (Emsurb), diz que para um bairro ser incluído no percurso do caminhão que realiza esse serviço diferenciado, a comunidade precisa demonstrar interesse. “O grau de participação da população é o pré-requisito, para que o bairro seja incluído na coleta”, destaca Souza.
Mas para que isso aconteça a população precisa estar consciente da sua função e disposta a colaborar. E isso precisa começar já entre as crianças. “É mais fácil se trabalhar com as crianças por que elas acabam levando aquilo que aprendem para dentro de casa e com isso os pais acabam se conscientizando”, declara o coordenador da Emsurb.
E esse trabalho de esclarecimento entre meninos e meninas já está ocorrendo na capital sergipana, através da Casa de Papel. O projeto, iniciado em 2002, deu origem à Sociedade Ecoar, uma organização social de interesse público (Osip), localizada na sede da Torre Empreendimentos. Lá, cinco artesãos realizam oficinas de conscientização junto a escolas e empresas. Além disso, os profissionais trabalham na Casa produzindo bolsas, vasos, brindes e materiais de decoração com jornal e papel reciclado, que são expostos e vendidos.
A coordenadora administrativa da Sociedade Ecoar, Priscila Matos, afirma que percebe “o grande interesse das crianças que participam das oficinas, em querer transmitir o que aprenderam para outros”. Ela salienta ainda que é por causa disso que o projeto tem trabalhado maciçamente junto a escolas.
Coleta seletiva em Aracaju
Na capital sergipana, a coleta seletiva foi implantada em 2001, com a criação da Cooperativa dos Agentes Autônomos de Sergipe (Care). A entidade reúne catadores de papel, papelão e materiais reaproveitáveis. Situada no bairro Santa Maria, a Care foi criada a partir de uma mobilização da comunidade, estimulada pelo Ministério Publico Estadual de Sergipe (MPE-SE), preocupado com o destino final do lixo e com a as condições de vida de 42 famílias que residiam em barracos montados no lixão do bairro.
Tudo teve início com o projeto “Lixo e Cidadania”, que visava retirar as crianças que trabalhavam no lixão, através do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) e colocá-las na escola. O projeto, que é uma parceria do Fundo das Nações Unidas Para a Infância (Unicef) com o Governo Federal, encaminhou 200 crianças para instituições de ensino e as famílias desses meninos e meninas passaram a receber uma bolsa por cada filho matriculado.
Contudo, mesmo após o início do projeto, as crianças continuavam trabalhando no lixão para ajudar na renda familiar. Em decorrência disso, por estarem cansadas, dormiam durante as aulas. Ao perceber que isso estava ocorrendo, o MPE entrou em contato com a Care que explicou a realidade das famílias.
A partir daí, o MPE conseguiu junto ao Governo do Estado 42 casas para as famílias que residiam no lixão. Além disso, ganhou corpo a discussão em torno da criação da cooperativa e através de doações, eles conseguiram construir a sede da instituição e passaram a contar com o apoio de outras entidades, a exemplo da Emsurb, que doou dois caminhões para a realização da coleta seletiva do material reciclável nos bairros associados.
O primeiro bairro a participar da coleta foi o Inácio Barbosa, considerado modelo para a cidade e onde foi desenvolvido o projeto piloto. Para o presidente da Associação de Moradores do bairro, Osmário Fernandes “a coleta seletiva é importante por que conscientiza os moradores sobre a questão ambiental e a não poluição do ambiente e também porque ajuda a Care”.
Vida de catador
Manoel Messias, 23, reside em um barraco no bairro Santa Maria, junto à esposa e dois filhos. Diariamente ele acorda bem cedo e sai para catar lixo nas ruas de Aracaju, onde recolhe garrafas pet, latinhas e ferro-velho. “Trabalho das cinco da manhã até às 10h da noite para conseguir sustentar minha família”, descreve o catador que ganha, em média, R$10 por dia com o material arrecadado. “O material custa muito pouco”, explica ele, ao informar que 1 kg de plástico custa R$0,40, enquanto o de ferro não chega à metade desse valor. “Tenho sorte quando consigo alumínio, porque o quilo sai a R$ 3”.
Durante o trabalho, Manoel tem que abrir os sacos de lixo e retirar de lá aquilo que pode ser reaproveitado. “Muitas pessoas pensam que sou ladrão e me tratam mal, outras já me conhecem e separam o material pra mim”, informa o catador que diz se sentir mal quando as pessoas o destratam. “Eu me sinto humilhado e acabo desanimando, mas tenho que trabalhar para alimentar minhas filhas”, conclui.
Por Valter Lima e Taís Olívia
Comentários
Parabéns para Valter e Tais pelo ótimo trabalho, que mostra o quanto ainda temos que mudar os nossos hábitos no trato com o lixo!
E uma dica: continuem publicando textos assim no blog. Isso enrquece a carreira de vocês e o nosso conhecimento.
caberia perfeitamente em qualquer jornal daqui. Informativa, dinâmica, ilustrativa...ótima
parabéns aos dois. continuem produzindo textos assim - e divulgando também!
um xero
Raquel
O engraçado é que caí na matéria pelo google (pasme!!!). Isso quer dizer alguma coisa: Vc e Thaís estão bombando na internet kkkkkkkk
Depois quero pegar alguns contatos para saber sobre a coleta seletiva no meu bairro. Vc pode me passar por e-mail? (acho q o propósito principal da matéria já surtiu algum efeito: moblizar)
beijão
Envie um e-mail para: reciclavida@ymail.com ou acesse: www.reciclavida.blogspot.com
Desde já Obrigada