Por Murillo de Aragão, cientista político
Lula, o mais bem-sucedido presidente da história do Brasil, também é um sucesso de público, mas não um sucesso de crítica. Agora, por ocasião do voto do Brasil contra o Irã, alguns analistas se apressaram em dizer que Lula foi derrotado. Ou seja, que Dilma fez algo que Lula não teria feito. E, por conseguinte, busca-se isolar o comportamento de Dilma da esfera de influência de Lula.
Antes Dilma era uma espécie de candidata “marionete”. Agora, segundo alguns analistas, estaria se rebelando contra o criador. O episódio do Irã seria a prova. Augusto Nunes foi contundente: “A mudança de rota é um soco no peito de Lula, pai da política externa da canalhice.” Ledo engano, má-fé, desinformação ou tudo junto.
A “mudança” do Brasil em relação ao Irã não é um fato novo. Muitos sabem que Lula ficou enfurecido com a atitude de Ahmadinejad de melar o acordo costurado sobre as usinas nucleares. Lula cumpria uma missão, a de trazer o Irã para a mesa de negociações, com o apoio expresso dos Estados Unidos e da França, entre outros países. A corda roída pelo Irã tirou o apoio dos Estados Unidos da operação, que se assemelhava à estratégia “good cop, bad cop”, com o Brasil fazendo o papel de bonzinho.
Assim, nunca o Brasil – de verdade – ficou decepcionado com a posição dos Estados Unidos na questão. O que irritou Lula foi o recuo iraniano e a puxada de tapete da França da negociação. Inebriado com as promessas de Sarkozy de que França e Brasil seriam aliados eternos, Lula jamais esperou que a França ficasse contra o Brasil no episódio. Tal atitude custou a conclusão da compra dos caças Rafale pela FAB.
Mas, vendo as análises sobre o voto do Brasil em relação ao Irã na era Dilma, ninguém, dentre os brilhantes analistas do país, explicou que Lula, em relação ao Irã, não era mais o mesmo. E que, já na campanha, Dilma sinalizou que a questão dos direitos humanos e, em especial, dos direitos das mulheres no Irã, iria merecer sua atenção especial. Daí o voto do Brasil não ser uma “mudança” repentina. Mas um processo.
Com relação à Líbia, muitos se apressaram em atacar Lula por conta da visita a Kadafi. Todos esquecem que, na sequência da visita de Lula, George Bush saudou a volta da Líbia ao convívio das nações. Figuras eméritas da Inglaterra, como Lord Anthony Giddens, o pai da Terceira Via, esteve por lá. Tudo no esforço de trazer o país para o campo do diálogo. Lula também ajudou.
Longe de querer dizer que a política externa de Lula foi perfeita e que não houve erros e equívocos, o fato é que quase nunca as análises conseguiram se livrar do preconceito e de um certo oposicionismo mais estético do que de conteúdo.
Lula, o mais bem-sucedido presidente da história do Brasil, também é um sucesso de público, mas não um sucesso de crítica. Agora, por ocasião do voto do Brasil contra o Irã, alguns analistas se apressaram em dizer que Lula foi derrotado. Ou seja, que Dilma fez algo que Lula não teria feito. E, por conseguinte, busca-se isolar o comportamento de Dilma da esfera de influência de Lula.
Antes Dilma era uma espécie de candidata “marionete”. Agora, segundo alguns analistas, estaria se rebelando contra o criador. O episódio do Irã seria a prova. Augusto Nunes foi contundente: “A mudança de rota é um soco no peito de Lula, pai da política externa da canalhice.” Ledo engano, má-fé, desinformação ou tudo junto.
A “mudança” do Brasil em relação ao Irã não é um fato novo. Muitos sabem que Lula ficou enfurecido com a atitude de Ahmadinejad de melar o acordo costurado sobre as usinas nucleares. Lula cumpria uma missão, a de trazer o Irã para a mesa de negociações, com o apoio expresso dos Estados Unidos e da França, entre outros países. A corda roída pelo Irã tirou o apoio dos Estados Unidos da operação, que se assemelhava à estratégia “good cop, bad cop”, com o Brasil fazendo o papel de bonzinho.
Assim, nunca o Brasil – de verdade – ficou decepcionado com a posição dos Estados Unidos na questão. O que irritou Lula foi o recuo iraniano e a puxada de tapete da França da negociação. Inebriado com as promessas de Sarkozy de que França e Brasil seriam aliados eternos, Lula jamais esperou que a França ficasse contra o Brasil no episódio. Tal atitude custou a conclusão da compra dos caças Rafale pela FAB.
Mas, vendo as análises sobre o voto do Brasil em relação ao Irã na era Dilma, ninguém, dentre os brilhantes analistas do país, explicou que Lula, em relação ao Irã, não era mais o mesmo. E que, já na campanha, Dilma sinalizou que a questão dos direitos humanos e, em especial, dos direitos das mulheres no Irã, iria merecer sua atenção especial. Daí o voto do Brasil não ser uma “mudança” repentina. Mas um processo.
Com relação à Líbia, muitos se apressaram em atacar Lula por conta da visita a Kadafi. Todos esquecem que, na sequência da visita de Lula, George Bush saudou a volta da Líbia ao convívio das nações. Figuras eméritas da Inglaterra, como Lord Anthony Giddens, o pai da Terceira Via, esteve por lá. Tudo no esforço de trazer o país para o campo do diálogo. Lula também ajudou.
Longe de querer dizer que a política externa de Lula foi perfeita e que não houve erros e equívocos, o fato é que quase nunca as análises conseguiram se livrar do preconceito e de um certo oposicionismo mais estético do que de conteúdo.
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