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Dilma: "Imprensa livre e investigativa é imprescindível"

Foto: Caio Guatelli/Folha
Por Josias de Souza, da Folha de S. Paulo

Dilma Rousseff participou, na noite desta segunda (21), da celebração dos 90 anos da ‘Folha de S.Paulo’. Discursou para uma platéia de cerca de 1.200 convidados. Fez uma defesa enfática da liberdade de expressão. E falou sobre o “novo desafio” da imprensa.

Aqui, em vídeo e texto, a íntegra do discurso da presidente da República. Ela falou por 10min22s.

A certa altura, disse que o governo "deve saber conviver com as críticas dos jornais para ter um compromisso real com a democracia". Noutro trecho, aditou: "Livre, plural e investigativa, a imprensa é imprescindível para a democracia num país como o nosso, que, além de continental, agrega diferenças culturais".

No final, repisou raciocínio que já havia levado aos microfones noutras ocasiões: “Nesse Brasil com uma democracia tão nova, todos nós devemos preferir um milhão de vezes os sons das vozes críticas de uma imprensa livre ao silêncio das ditaduras”.

Para Dilma, “o jornalismo impresso atravessa um momento especial”, marcado pela “revolução tecnológica” da internet. Acha que a web “modificou para sempre os hábitos dos leitores e, principalmente, a relação desses leitores com seus jornais”.

Sintetizou o “novo desafio” dos jornais num par de interrogações:

1. “Como oferecer um produto que acompanhe a velocidade tecnológica e não perca a sua profundidade?”

2. “Como aceitar as críticas dos leitores e torná-las um ativo do jornal?”

Antes de Dilma, falara Otavio Frias Filho, diretor de Redação da 'Folha' (3min38s).

Mencionou um “dilema” que assedia as redações. De um lado, a missão prestar “um serviço de utilidade pública”:

“Divulgar a verdade, estimular um exercício consciente da cidadania, iluminar o debate dos problemas coletivos”.

De outro, a constatação de que “o jornalismo sempre fica aquém de sua ambiciosa missão”:

“[...] A pressa, inerente à profissão, leva a conclusões precipitadas, relatos superficiais, omissões e erros”.

O que fazer? “A única resposta para esse dilema, expresso num recomeço diário que lembra o trabalho de Sísifo, é um autêntico desejo de melhorar”, disse Frias Filho.

O aniversário da ‘Folha’ foi festejado num ato multireligioso. Reuniu representantes de oito religiões. Deu-se na Sala São Paulo.

A Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) executou a Sinfonia nº 6, de Heitor Villa-Lobos. Regeu-a o maestro Isaac Karabtchevsky.

Na platéia, personagens que costumam frequentar as manchetes. Entre eles o vice presidente Michel Temer (PMDB)...

Os governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e do Rio, Sergio Cabral (PMDB)...

...Os presidentes do Senado, José Sarney (PMDB), da Câmara, Marco Maia (PT), e do STF, Cezar Peluso...

...Dois ex-presidentes da República: Fernando Henrique Cardoso e Fernando Collor, sob cuja presidência as dependências da 'Folha' foram invadidas pela PF.

Na abertura de seu discurso, Dilma fez questão de inclur FHC no rol de autoridades que cumprimentou. Injetou-o na lista como “ex-presidente”.

Collor não mereceu a mesma deferência. Foi acomodado, sem menção nominal, no grupo de “senadores e deputados” presentes.

Num dia em que o ex-rival qualificou seu governo de “estelionato eleitoral”, Dilma não se absteve de citá-lo:

“Queria cumprimentar também o senhor José Serra, ex-governador do Estado”, disse ela.

Durante o evento, políticos e personalidades de diferentes tendências defenderam a liberdade de imprensa. O grão-petê José Dirceu entoou o lero-lero da "regulação" da mídia.

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