A Folha.com lançou hoje um blog para discutir "o vasto universo dos gays e dos heterossexuais". O espaço será moderado pelo jornalista Vitor Angelo. Noite, moda, arte, música, entre outros temas, estarão em pauta, de acordo com o blogueiro.
Angelo afirma que o blog irá dialogar com "héteros, homossexuais, fashionistas, intelectuais, baladeiros, artistas, politicamente incorretos e minorias em geral".O blog terá, além de colunas e pensatas do autor, entrevistas com personalidades.
Eu já dei uma passada pelo blog - o Blogay. Gostei do primeiro texto, que se intitula "Pra quem a gente deve deitar o cabelo". E republico aqui neste espaço:
Muita gente acha que bicha surge assim, de um tubo de purpurina no Carnaval ou de um esquete de humor da TV aberta. E assim como surge, logo desaparece, levando junto o riso que possivelmente despertou.
Mas a história é outra e os homossexuais tiveram e têm um longo percurso. Esse blog não é fruto do acaso. Ele é uma das sementes que foi plantada por homens e mulheres que ousaram dizer o nome de seu amor.
Sem as ações do grupo Somos, nos anos 1970, ou do jornal O Lampião da Esquina, ou ainda do Grupo Gay da Bahia e de Luiz Mott nada disso seria possível. Sem as projeções do Festival Mix Brasil, sem a gama de sites e revistas surgidas desde a década de 90 voltada para o público gay, sem a atitude até agora – infelizmente – única na grande mídia brasileira do jornal Folha de São Paulo ao criar em sua Revista uma seção chamada GLS que durou até o ano passado, e sem a ação positiva - em relação aos homossexuais - de uma parte da sociedade heterossexual, esse espaço não existiria.
Não podemos esquecer dos rostos (que ficam anônimos pelas estátisticas) massacrados por sua orientação sexual nesse país que bateu recorde no assassinato de homossexuais em 2010, foram 250 casos. Não podemos esquecer das quá-quás que levaram bullying na escola, e das bees que ergueram seus cartazes de protesto em alguma parada gay do país.
Os homossexuais do Brasil têm um longo caminho com muitos personagens e pra todos eles devemos deitar o cabelo. Mas gostaria de explicitar minha homenagem ao escritor, cineasta e dramaturgo João Silvério Trevisan e o seu “Devassos no Paraíso”, uma espécie de levantamento histórico da vida gay nestes trópicos.
Podemos claramente chamar o projeto de Trevisan como livro de formação e nele tem um trecho que muito me interessa: “No Brasil é arriscado referir-se a uma ‘comunidade guei’ tal como se pode fazer nos Estados Unidos, por exemplo. Nossas expressões de homossexualidades são tantas, e com tal diversidade, que chegam a ser conflitantes. Nessa mesma categorização tendem a se msiturar discrepantemente homossexuais de todas as classes, profissões e estilos, desde profissionais de renome até pessoas à margem de tudo.
Assim, temos um campeão de corrida com barreiras, Walmes Rangel [... ] e um jogador de vôlei com o Lilico (Luis Cláudio Alves da Silva) [...] Num outro extremo [...] temos a figura mítica de Madame Satã [...] que foi um representante legítimo da verdadeira contracultura brasileira, segundo Paulo Francis”.
E é nessa diversidade que esse blog pretende se orientar, convidando héteros e quem mais quiser para um reflexão sobre sexualidade, sociedade e liberdade.
Que Carmen Miranda nos guie! Chica chica bum!
Acesse o blog aqui.
Angelo afirma que o blog irá dialogar com "héteros, homossexuais, fashionistas, intelectuais, baladeiros, artistas, politicamente incorretos e minorias em geral".O blog terá, além de colunas e pensatas do autor, entrevistas com personalidades.
Eu já dei uma passada pelo blog - o Blogay. Gostei do primeiro texto, que se intitula "Pra quem a gente deve deitar o cabelo". E republico aqui neste espaço:
Muita gente acha que bicha surge assim, de um tubo de purpurina no Carnaval ou de um esquete de humor da TV aberta. E assim como surge, logo desaparece, levando junto o riso que possivelmente despertou.
Mas a história é outra e os homossexuais tiveram e têm um longo percurso. Esse blog não é fruto do acaso. Ele é uma das sementes que foi plantada por homens e mulheres que ousaram dizer o nome de seu amor.
Sem as ações do grupo Somos, nos anos 1970, ou do jornal O Lampião da Esquina, ou ainda do Grupo Gay da Bahia e de Luiz Mott nada disso seria possível. Sem as projeções do Festival Mix Brasil, sem a gama de sites e revistas surgidas desde a década de 90 voltada para o público gay, sem a atitude até agora – infelizmente – única na grande mídia brasileira do jornal Folha de São Paulo ao criar em sua Revista uma seção chamada GLS que durou até o ano passado, e sem a ação positiva - em relação aos homossexuais - de uma parte da sociedade heterossexual, esse espaço não existiria.
Não podemos esquecer dos rostos (que ficam anônimos pelas estátisticas) massacrados por sua orientação sexual nesse país que bateu recorde no assassinato de homossexuais em 2010, foram 250 casos. Não podemos esquecer das quá-quás que levaram bullying na escola, e das bees que ergueram seus cartazes de protesto em alguma parada gay do país.
Os homossexuais do Brasil têm um longo caminho com muitos personagens e pra todos eles devemos deitar o cabelo. Mas gostaria de explicitar minha homenagem ao escritor, cineasta e dramaturgo João Silvério Trevisan e o seu “Devassos no Paraíso”, uma espécie de levantamento histórico da vida gay nestes trópicos.
Podemos claramente chamar o projeto de Trevisan como livro de formação e nele tem um trecho que muito me interessa: “No Brasil é arriscado referir-se a uma ‘comunidade guei’ tal como se pode fazer nos Estados Unidos, por exemplo. Nossas expressões de homossexualidades são tantas, e com tal diversidade, que chegam a ser conflitantes. Nessa mesma categorização tendem a se msiturar discrepantemente homossexuais de todas as classes, profissões e estilos, desde profissionais de renome até pessoas à margem de tudo.
Assim, temos um campeão de corrida com barreiras, Walmes Rangel [... ] e um jogador de vôlei com o Lilico (Luis Cláudio Alves da Silva) [...] Num outro extremo [...] temos a figura mítica de Madame Satã [...] que foi um representante legítimo da verdadeira contracultura brasileira, segundo Paulo Francis”.
E é nessa diversidade que esse blog pretende se orientar, convidando héteros e quem mais quiser para um reflexão sobre sexualidade, sociedade e liberdade.
Que Carmen Miranda nos guie! Chica chica bum!
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