Por Fernando Canzian, da Folha de S. Paulo
As quatro principais promessas de campanha para a área social do candidato à Presidência José Serra (PSDB) custariam aos cofres públicos mais de R$ 46 bilhões em 2011.
O valor é praticamente uma vez e meia de tudo o que a União desembolsou para estradas, portos, aeroportos e em obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) no ano passado.
Em 2009, os desembolsos públicos na infraestrutura somaram R$ 32,1 bilhões, maior valor desde 1995.
Em outras comparações, os gastos que Serra pretende criar equivalem a 80% do orçamento deste ano do Ministério da Educação. Ou ao que custaria construir uma vez e meia o trem-bala Rio-SP.
O consultor de Serra para a área econômica Geraldo Biasotto diz ser "viável encaixar esses gastos no perfil do Orçamento público".
"Serra pretende reorganizar o Orçamento e as contas financeiras do setor público", afirma Biasotto (leia texto nesta página).
São quatro as principais propostas de Serra para a área social, que somariam os R$ 46,2 bilhões:
1) Elevar o valor do salário mínimo para R$ 600 (ao custo de R$ 17,1 bilhões);
2) Reajustar as aposentadorias acima do mínimo em 10% (R$ 15,4 bilhões);
3) dobrar o Bolsa Família (R$ 12,7 bilhões);
4) Criar o 13º para esse benefício (R$ 1 bilhão).
Os cálculos levam em conta números oficiais dos ministérios do Planejamento, da Previdência e do Desenvolvimento Social.
Para cada R$ 1 de aumento no salário mínimo, por exemplo, a despesa pública cresce R$ 286 milhões. Já o peso anual dos benefícios da Previdência acima de um salário mínimo é de R$ 154 bilhões.
Para José Márcio Camargo, economista da PUC-Rio, as propostas de Serra constituem o "uso inadequado do dinheiro público".
Camargo argumenta que o Brasil tem apenas 7% de sua população com idade superior a 65 anos.
Mas gasta o equivalente a 13% do PIB (Produto Interno Bruto) com a Previdência.
"É o padrão de gastos da Europa, que tem 20% da população idosa. Investimos no passado, e não no futuro, com mais educação", afirma.
O economista Felipe Salto, da Tendências, diz que, se adotadas, as medidas vão atrasar em ao menos um ano o "necessário ajuste que deve ser feito no setor público".
Salto considera, porém, que um governo Dilma Rousseff (PT) tenderia a gastar mais do que Serra. "Dilma acredita no Estado atuando e gastando mais", diz.
Para Sérgio Vale, da MB Associados, "como Serra sabe que manter o equilíbrio fiscal é importante, se ele optar por essas medidas de expansão, terá que segurar em outros gastos".
"O problema é onde cortar. Parar de contratar e aumentar salário pode não ser suficiente", afirma.
Orçamento permite 'encaixar' promessas, diz consultor do PSDB
Geraldo Biasotto, consultor da campanha de José Serra e diretor-executivo da Fundap (Fundação do Desenvolvimento Administrativo), afirma que o perfil do Orçamento público do Brasil permite "encaixar" as promessas do candidato para a área social.
Ele acredita que há uma série de receitas na área da Previdência que estão "subestimadas" e que Serra terá a capacidade de "reorganizar programas e cortar gastos".
Ontem, em entrevista ao "Jornal Nacional", Serra defendeu esse mesmo ponto.
Embora afirme que gastos elevados tenham impacto sobre a situação fiscal, o presidenciável afirma não acreditar que seja só "o desequilíbrio do setor público que faz com que os juros sejam tão elevados no país".
Situação fiscal
"O juro é uma variável financeira e da situação fiscal. Serra vai reorganizar o Orçamento e as contas financeiras do setor público para abrir espaço [para outros gastos]", diz Biasotto.
Ele diz, por exemplo, que os créditos subsidiados que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) empresta às empresas custam R$ 9 bilhões, e que devem ser revistos.
Biasotto defende o aumento dos gastos nas áreas sociais, principalmente no caso da Previdência, porque, segundo ele, essa despesa acaba gerando, via rendimentos dos beneficiados, mais atividade econômica. Principalmente nas áreas mais pobres.
As quatro principais promessas de campanha para a área social do candidato à Presidência José Serra (PSDB) custariam aos cofres públicos mais de R$ 46 bilhões em 2011.
O valor é praticamente uma vez e meia de tudo o que a União desembolsou para estradas, portos, aeroportos e em obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) no ano passado.
Em 2009, os desembolsos públicos na infraestrutura somaram R$ 32,1 bilhões, maior valor desde 1995.
Em outras comparações, os gastos que Serra pretende criar equivalem a 80% do orçamento deste ano do Ministério da Educação. Ou ao que custaria construir uma vez e meia o trem-bala Rio-SP.
O consultor de Serra para a área econômica Geraldo Biasotto diz ser "viável encaixar esses gastos no perfil do Orçamento público".
"Serra pretende reorganizar o Orçamento e as contas financeiras do setor público", afirma Biasotto (leia texto nesta página).
São quatro as principais propostas de Serra para a área social, que somariam os R$ 46,2 bilhões:
1) Elevar o valor do salário mínimo para R$ 600 (ao custo de R$ 17,1 bilhões);
2) Reajustar as aposentadorias acima do mínimo em 10% (R$ 15,4 bilhões);
3) dobrar o Bolsa Família (R$ 12,7 bilhões);
4) Criar o 13º para esse benefício (R$ 1 bilhão).
Os cálculos levam em conta números oficiais dos ministérios do Planejamento, da Previdência e do Desenvolvimento Social.
Para cada R$ 1 de aumento no salário mínimo, por exemplo, a despesa pública cresce R$ 286 milhões. Já o peso anual dos benefícios da Previdência acima de um salário mínimo é de R$ 154 bilhões.
Para José Márcio Camargo, economista da PUC-Rio, as propostas de Serra constituem o "uso inadequado do dinheiro público".
Camargo argumenta que o Brasil tem apenas 7% de sua população com idade superior a 65 anos.
Mas gasta o equivalente a 13% do PIB (Produto Interno Bruto) com a Previdência.
"É o padrão de gastos da Europa, que tem 20% da população idosa. Investimos no passado, e não no futuro, com mais educação", afirma.
O economista Felipe Salto, da Tendências, diz que, se adotadas, as medidas vão atrasar em ao menos um ano o "necessário ajuste que deve ser feito no setor público".
Salto considera, porém, que um governo Dilma Rousseff (PT) tenderia a gastar mais do que Serra. "Dilma acredita no Estado atuando e gastando mais", diz.
Para Sérgio Vale, da MB Associados, "como Serra sabe que manter o equilíbrio fiscal é importante, se ele optar por essas medidas de expansão, terá que segurar em outros gastos".
"O problema é onde cortar. Parar de contratar e aumentar salário pode não ser suficiente", afirma.
Orçamento permite 'encaixar' promessas, diz consultor do PSDB
Geraldo Biasotto, consultor da campanha de José Serra e diretor-executivo da Fundap (Fundação do Desenvolvimento Administrativo), afirma que o perfil do Orçamento público do Brasil permite "encaixar" as promessas do candidato para a área social.
Ele acredita que há uma série de receitas na área da Previdência que estão "subestimadas" e que Serra terá a capacidade de "reorganizar programas e cortar gastos".
Ontem, em entrevista ao "Jornal Nacional", Serra defendeu esse mesmo ponto.
Embora afirme que gastos elevados tenham impacto sobre a situação fiscal, o presidenciável afirma não acreditar que seja só "o desequilíbrio do setor público que faz com que os juros sejam tão elevados no país".
Situação fiscal
"O juro é uma variável financeira e da situação fiscal. Serra vai reorganizar o Orçamento e as contas financeiras do setor público para abrir espaço [para outros gastos]", diz Biasotto.
Ele diz, por exemplo, que os créditos subsidiados que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) empresta às empresas custam R$ 9 bilhões, e que devem ser revistos.
Biasotto defende o aumento dos gastos nas áreas sociais, principalmente no caso da Previdência, porque, segundo ele, essa despesa acaba gerando, via rendimentos dos beneficiados, mais atividade econômica. Principalmente nas áreas mais pobres.
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