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Alianças no interior diferem de coligações

As coligações em torno dos principais candidatos ao Governo do Estado se definiram no início deste mês, após as convenções partidárias. De um lado, o atual governador Marcelo Déda, PT, reuniu em torno de seu nome partidos como o PMDB, o PSB, o PSC e o PDT. Do outro lado, o ex-governador João Alves Filho, DEM, lançou-se candidato ao Governo pela quarta vez com o apoio do PPS e do PP. O PSDB, do tucano Albano Franco, saiu independente na disputa, sem candidato a governador.

Essa divisão entre os partidos, no entanto, não é exata. No interior do Estado, principalmente, prefeitos que teoricamente deveriam estar na base de apoio de Déda estão se rendendo a João e vice-versa. Candidaturas de senador e de deputados também embolam o arco de alianças e de alinhamentos.

O caso mais emblemático é o do prefeito de Itabaiana, Luciano Bispo, do PMDB. Foi exatamente naquele município onde ocorreu no último dia 17 um evento que reuniu num só palanque o candidato de oposição ao Governo, João Alves, e dois aliados de Déda – o candidato ao Senado, Eduardo Amorim, PSC, e o candidato a deputado federal, Almeida Lima, PMDB.

O encontro ocorreu durante o lançamento da candidatura de Arnaldo Bispo, PSDB, para deputado estadual. Ou seja, o apoio do prefeito Luciano Bispo a cada um desses candidatos mostrou a diversidade de alianças que estão se formando no interior e que seguem um caminho oposto ao definido nas convenções.

Teoricamente, Luciano Bispo, que é prefeito do PMDB, deveria apoiar Marcelo Déda, mas o líder itabaianense é o coordenador de campanha de João Alves no interior. Para justificar suas participações no evento do dia 17, tanto Amorim quanto Almeida explicaram que o apoio de Luciano Bispo a suas candidaturas não está atrelado a uma aliança com João. Ambos também disseram que compareceram ao lançamento da candidatura de Arnaldo Bispo antes da chegada de João Alves e que não ficaram para ouvir seu discurso.

‘LUCIANO, SEU PROJETO É MEU PROJETO’
Almeida usou ainda o argumento de que Luciano é de seu partido, o que viabiliza o apoio, sem grandes problemas. Mas foi justamente de uma declaração feita pelo senador que gerou uma repercussão negativa entre os dedistas. “Luciano, o seu projeto é o meu projeto”, disse Almeida, dando a entender que ele estaria no mesmo barco que o prefeito de Itabaiana, o que indicaria um possível apoio a João Alves.

O senador reagiu e disse que o seu candidato continua sendo Marcelo Déda. “O palanque era de Luciano Bispo e ele convida quem deseja. Por educação de berço, a mim compete respeitar a todos, inclusive a João Alves de quem sou amigo, e não vou abrir mão disso. Mas se alguém deseja saber, o meu candidato é Déda. Sou PMDB, sou partidário e o meu partido fez uma aliança com o PT, cujo candidato é Déda e é a ele que eu apoio”, afirmou.

OUTROS ACORDOS
Mas não é só de Itabaiana que surgiram alianças estranhas – ou que fogem do desenho das coligações. O prefeito de Nossa Senhora do Socorro, Fábio Henrique, do PDT, por exemplo, deveria apoiar o candidato a deputado federal do seu partido, Bosco Costa, mas já se comprometeu com o candidato do PR, Laércio Oliveira.

Há ainda o líder Cleonâncio Fonseca que apoiará o candidato a deputado federal pelo PT, Rogério Carvalho. Cleonâncio é irmão do deputado estadual Venâncio Fonseca, PP, que é candidato de oposição ao lado de João Alves e um dos críticos mais ferrenhos da administração petista, que teve Rogério como secretário de Saúde.

O prefeito de Estância, Ivan Leite, que é do PSDB, partido que não terá candidato ao Governo, já declarou apoio a Marcelo Déda. O também tucano Arnaldo Bispo, no entanto, optou por apoiar João Alves. Em São Cristovão, enquanto o prefeito Alex Rocha, PDT, apoia a candidatura petista ao Governo, seu pai, o ex-prefeito Lauro Rocha, optou por apoiar João Alves.

De Lagarto, há ainda o caso do candidato a deputado federal Fábio Reis, que se filiou ao PMDB para apoiar Marcelo Déda, contrariando os interesses de seu pai, o deputado federal Jerônimo Reis, que é do DEM. Este, por conta de problemas na base demista, poderá migrar para o lado de Déda e declarar apoio oficial ao petista. Depreende-se assim que os interesses particulares de cada candidato, em muitos casos, superam os acordos em âmbito estadual que definiram as alianças para o Governo.

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