Pular para o conteúdo principal

As chuvas, as enchentes e o período eleitoral

Até quando teremos que conviver com a falta de planejamento dos Governos quando o assunto é infra-estrutura? Mais do que aceitar as mudanças climáticas e os fenômenos da natureza, temos que assistir aos desastres causados pelo descaso dos nossos governantes com questões históricas, como a ocupação desordenada de morros e de outras áreas que com o tempo se revelam impróprias para a construção de casas e surgimento de comunidades.

A problemática não é localizada e nem se restringe a Sergipe. Prova disso é a grande tragédia que assola Niterói, no Rio de Janeiro. Já são mais de 200 mortos, sendo a grande maioria no morro do Bumba. Ainda assim, não podemos nos conformar com as destruições que se repetem todos os anos, principalmente, na capital. Aracaju se vangloria por ser uma cidade sem favelas, contudo convive com a ocupação de áreas de risco sem nada fazer para impedir as pequenas tragédias de inverno.


O bairro Santa Maria é um bom exemplo dessa situação. Centenas de famílias se amontoam em morros e sofrem quando as chuvas chegam e levam embora os barracos e os poucos e parcos bens que possuem. Situação lamentável, mas que não se resolve. Não se vê comprometimento por parte da prefeitura, do Governo e dos legislativos em retirar essas pessoas dessas áreas e dar a elas melhores condições de vida.


Um dos projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para Aracaju promete resolver a situação das famílias que residem na Ponta da Asa, no bairro Santa Maria, mas a obra ainda não começou. Está em licitação e não deve ter prazo para ser finalizada. Quer desrespeito maior?


No Coqueiral, os problemas são os mesmos, o descaso idem. E o andamento das obras do PAC também é lento, não cumpre prazo e mais uma vez, as milhares de pessoas que lá residem terão que continuar convivendo com a lama, com a sujeira e todos os prejuízos causados pela falta de esgotamento sanitário e saneamento básico.

Indo para a Zona de Expansão, as casas do Costa do Sol estão todas tomadas pela água. E, como nos outros locais aqui descritos, não é a primeira vez que isso ocorre. É “apenas” a repetição do que ocorreu em anos anteriores.


Um primeiro e importante passo para (ao menos) regular esses problemas seria a implantação do Plano Diretor da capital, que já era pra estar sendo discutido na Câmara Municipal desde fevereiro, mas que até agora não chegou às mãos dos vereadores. E nem tem prazo pra chegar. Ou seja, há vontade e sensibilidade política para resolver o problema? Há interesse dos nossos governantes em mudar a realidade das famílias de baixa renda?

Ano eleitoral é excelente para se discutir estes problemas. Mas não na base das promessas e sim na capacidade dos candidatos de dialogar com as comunidades mais pobres e propor mudanças estruturais, apresentar propostas realistas e soluções imediatas, estabelecer prioridades. Aracaju, como boa parte dos municípios sergipanos, cresce, mas para crescer de forma ordenada e para evitar o surgimento de (mais) bolsões de miséria e de caos urbano se faz necessário planejamento e estudo detalhado de áreas antes da sua ocupação.


É preciso pensar no futuro resolvendo problemas do passado e impedindo o surgimento de novas problemáticas no presente. Tarefa difícil? Não. Só não é fácil, mas quando se assume o compromisso de governar um Estado, uma cidade e assim representar o povo o que se espera é vontade e capacidade para lidar com todo tipo de problema.

Alguns podem dizer que o cidadão também tem culpa e também deve fazer a sua parte. Mas quem disse que a sociedade não quer fazer a parte dela? Queremos sim, mas precisamos de líderes que orientem, que planejem e que respondam aos anseios do povo.

Ao contrário disso continuaremos convivendo com os mesmos problemas e com gestores capazes de administrar povoados, mas incompetentes, ao extremo, ao governar grandes cidades e grandes Estados. Em que perfil se encaixa os atuais representantes da gente sergipana e que em que perfil de político queremos votar em outubro, quando já estivermos no verão e boa parte dos problemas do inverno já tiverem esquecidos?

Fotos: Infonet, Cinformonline, ClickSergipe

Comentários

Adrine disse…
Realmente, é de se indignar. Entre uma eleição e outra pouco se vê mudar no quesito infra-estrutura. O problema está no fato de que os que estão no poder acham muito mais vantagem fazer obras ‘mais visíveis’ – pontes e grandes rodovias -, pois são mais fáceis de serem lembradas na hora em que o povo decide em quem votar. Nada contra as tais pontes e estradas, afinal elas muito facilitam nossa vida. Mas alguém deve olhar para aquilo que está mais abaixo e menos visível no período de sol: o esgoto, os bueiros, os causadores destes transtornos climáticos e principalmente o lixo. Valter, parabéns por trazer este tema que interessa (ou deveria interessar) a todos nós, cidadãos. Que sirva de um alerta a todos para que cenas como estas não se repitam mais.
Grazi disse…
Planejamento - essa eh a palavra e a ação q resolve inúmeros problemas. Parece até piada, qdo tratamos da história desta cidade e destacamos q ela foi planejada. Destaca-se FOOII, pq agora já n eh mais. As construtoras só planejam vendas e o poder público só planeja números números para as proximas campanhas. Enfim, chuvas q n param, caos repetidos e ação para evitar os próximos problemas previstos: nenhuma!
E o que nós, cidadãos comuns podemos fzr p mudar isso. pressionar para a existencia efetiva de um plano diretor?!denunciar novas invasões?! e ensinar aos filhos a importancia de se planejar, fazndo disso mais q uma necessidade, e sim um valor

Postagens mais visitadas deste blog

Erotização da música influi na precocidade sexual da criança

É comum vermos crianças cada vez mais novas cantando e dançando ao som de refrões carregados de sexualidade, utilizando roupas e calçados impróprios para essa fase. As músicas erotizadas se tornam febre entre meninos e meninas em todo o país, mesmo sem muitas vezes terem conhecimento do que estejam ouvindo ou dançando. Mas qual a influência dessas músicas no desenvolvimento da criança? De que modo a letra de uma canção pode influenciar o comportamento infantil? Para a psicóloga Aline Maciel, músicas de cunho apelativo com letras que tratem de sexo estimulam a iniciação sexual precoce entre meninos e meninas. Segundo ela, “músicas com uma carga sexual muito forte aliadas a coreografias sensuais fazem com que as cria nças tenham acesso a elementos que não são adequados a sua faixa etária, induzindo comportamentos inadequados”. O artigo A música e o Desenvolvimento da Criança, de autoria da Doutora em Educação Monique Andries Nogueira, atesta que a música tem um papel importante nos aspec

Verão Sergipe 2011 só na Caueira

Foto: Alejandro Zambrana A edição 2011 do Verão Sergipe não ocorrerá em etapas. No próximo ano apenas a Praia da Caueira, em Itaporanga d’Ajuda, receberá o evento. Será nos dias 4 e 5 de fevereiro. Por conta das dificuldades financeiras que o Estado enfrenta e pela obra de implantação da Orla na Praia da Atalaia Nova, a programação de 2011 não ocorrerá em vários municipios, como nos anos anteriores. Neste 2010, por exemplo, o Verão Sergipe foi realizado na Caueira, em Laranjeiras e na Barra dos Coqueiros. Antes, em 2009, ele também passou por Pirambu. A secretária de Estado da Cultura, Eloísa Galdino, afirma que o evento já é marca consolidada para a cultura e o turismo no Estado, por isso, mesmo com as dificuldades financeiras, o Governo de Sergipe não poderia deixar de realizar a festa. “Na sua terceira edição, o evento cresceu, ganhou contornos mais culturais e atraiu multidões por todos os lugares pelos quais passou. Infelizmente este ano, por conta de diversos fatores não p

Lambe-sujo e Caboclinhos: a cultura viva

A força de uma cultura se revela na capacidade de agregar, envolver e orgulhar. Em Laranjeiras, isso se concretiza durante a “Festa do Lambe-Sujo”, folguedo sergipano encenado todos os anos no 2º domingo de outubro. No folguedo, os negros (lambe-sujos) lutam contra a tentativa dos índios (caboclinhos) de destruírem os quilombos. A partir das imagens captadas pela fotojornalista Ana Lícia Menezes é possível perceber o quão forte é a cultura local e a crença no folguedo. Carregado de simbolismo, o folguedo envolve crianças, jovens e adultos, que se apossam da história da terra para se divertir, se alegrar e manter viva a cultura. Logo cedo, os lambe-sujos se espalham pela cidade, desde a entrada até a praça central de Laranjeiras. Assim, demarcam território e mostram que estão prontos para o combate. Em maioria, os lambe-sujos também ocupam a área próxima à igreja, onde recebem a benção do padre, antes de iniciar os embates. Fortalecidos pela oração e crentes em sua fé, os l