Os olhares eram de curiosidade e ao mesmo tempo de pouco entendimento. E vez ou outra se aplaudia mais por pressão do que por vontade. Os rostos se confundiam naquele auditório quente e a voz do orador principal se estendia pelo local, enquanto a platéia se mostrava bem aquém do que estava ocorrendo.
A impressão acima é a que tive no evento de lançamento do programa Sergipe Capital pelo Governo do Estado. Mais de duzentas pessoas lotaram o Iate Clube de Aracaju para ‘ouvir’ o governador Marcelo Déda anunciar uma série de ações para o último ano de gestão.
Essas pessoas foram trazidas de comunidades de baixa renda da capital por líderes comunitários adeptos do Governo petista e estavam ali simplesmente para fazer número e acariciar o ouvido dos políticos com inflamados aplausos a medida que eram anunciadas obras e ações do Estado.
Adolescentes, idosos e mulheres eram os principais rostos daquela multidão amestrada que não estava à vontade naquele evento, mas que levada por algum tipo de interesse ou pressão participou do lançamento do novo programa do Governo e serviu para aplaudir o discurso ufanista de Marcelo Déda.
Daqui a uns meses essas mesmas pessoas também lhe servirão de garantia de uma provável vitória nas eleições de outubro e as ações anunciadas na terça-feira, dia 16, véspera do aniversário de Aracaju, deverão se concretizar daqui a uns anos, depois de serem iniciadas, paralisadas, atrasadas e enfim, entregues. Algumas nem sairão do papel e outras servirão de propaganda para outras disputas eleitorais.
Mas isso é o que menos importa. A grande sacada é lançar o projeto e faturar em cima dele. E, depois, se ele não se tornar real o Governo coloca a culpa nas empresas responsáveis pela obra ou ainda deixa cair no esquecimento, caso a mídia não perceba sua não-concretização.
Assim se faz política no Brasil, assim os mais humildes são enganados e transformados em massa de manobra e assim se mantém o poder nas mãos de políticos que pouco se importam com o bem da população.
(Foto: Marcos Rodrigues/ASN)
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